sábado, 22 de outubro de 2011

Na Paz Profunda.


Um novo caminho, segue em frente oh espírito de Luz.
Um adeus com a certeza de que você está linda, e rejuvenecida pela obra do divino criador
Segue o caminho da seara de Deus, onde o amor e a Paz Profunda é o lema de todos os seus seguidores.
Beijo Mãe..!!  Estou certo de que na vida eterna, sua fonte de polimento será o AMOR do seu Deus.


"O homem torna-se velho muito rápido e sábio demasiado tarde".



 Paz 

O que sei sobre a Paz é que ela não é como flor que se semeia e cresce  sozinha.
O que sei sobre a Paz é que ela parece uma construção, que precisa ser  feita todos os dias e por muita gente.
O que aprendi sobre a Paz é que é preciso sonhá-la e semeá-la como  jardineiro, mas construí-la como pedreiro. E às vezes é preciso começar  como servente de pedreiro.
O que sei sobre a Paz é que ela não é um ato isolado, deste que a gente  faz  de vez em quando, como se fosse festa ou imposição das circunstâncias.
O que sei sobre a Paz é que ela não é uma experiência passageira, dessas  que são muito interessantes e bonitas na hora, mas que depois não  influenciam em nada a nossa vida.
O que sei sobre a Paz é que ela precisa ser constante, cotidiana,  permanente, teimosamente repetida até que se torne um hábito. A gente  deveria sentir-se mal quando não a promove.
O que sei sobre a Paz é que ela é como um grande amor, ao qual a gente se  apega tanto que não consegue ficar longe, nem passar um dia sem algum  gesto  especial de carinho.
O que sei sobre a Paz é que, como um bom hábito de muitos anos, quem a  vive  não consegue se imaginar sem aquele gesto ou aquela atitude. A vida fica  mais pobre sem ela.
O que sei sobre a Paz é que ela não é tarefa de fazer as coisas pelos  outros e sim atitude de ser alguém na vida dos outros.
Não é denúncia, nem agressão, nem luta, nem combate, nem discursos, nem  festinhas beneficientes, nem shows para levantar fundos, nem encontros  para  debater e assinar tratados. Ela aceita isso, mas não é isso.

O que sei sobre a Paz é que ela não é sossego, tranquilidade, acomodação,  dias de brisa e sombra, suaves vôos de gaivotas, doce marulhar de ondas,  murmurar de riachos e cantar de cotovias e sabiás. Pode até ser também  isso,  mas não é isso.

O que sei sobre a Paz é que ela inquieta, compromete, joga na corrente da  História e nos faz mergulhar na vida dos outros para servir, amar,  denunciar, se preciso, mas sempre para tornar bom o que era mau e perfeito  o  que era bom.
O que sei sobre a Paz é que a maior prova de que a temos é essa  inquietação  que carregamos; depois que se está em paz nunca mais se descansa diante da  dor, da injustiça, da fome e da miséria. Só tem paz quem vive preocupado  com a situação do mundo e faz algo para que ela mude.

Sei mais ainda sobre a Paz. Sei que não é possível alguém ter paz e ao  mesmo tempo querer o mal de quem quer que seja. Sei que é impossível se  pregar a paz universal sem querer que o indivíduo seja feliz, mesmo o meu  maior  agressor. Sei que não faz a paz quem não é de paz e não dá paz quem não a  tem.

Sei que só se chega à grande paz através da pequena paz do cotidiano, que  se traduz em gestos concretos como: abrir uma porta para um desconhecido,  ajuntar um caderno que caiu e devolvê-lo com um sorriso, avisar o menino  que  não cruze a rua antes que passe aquele ônibus, brincar com uma criança  solitária, atravessar com o cego para outro lado da rua, mandar um  dinheirinho para aquela campanha de rádio em favor de uma senhora  leucêmica,  arranjar na vizinhança uma cadeira de rodas para o menino que perdeu a  perna... coisas desse tipo.
Sei que não adianta promover a paz do mundo se não se promove a paz na  própria casa; que não adianta promover a paz no país se não se promove no  quarteirão; que não faz sentido querer justiça social e menos pobres se se  gasta inutilmente num supermercado; que não adianta gritar por libertação  em Goiás ou no Maranhão se aqui eu não digo bom dia ao vizinho que falou  mal de mim.
Sei que não há paz onde não há perdão; não há paz onde não há justiça; não  há paz onde não há misercórdia; não há paz onde não há sinceridade e  coerência; não há paz onde o discurso para o outro é um, e a prática  pessoal  é totalmente oposta ao discurso; não há paz onde não se vive a verdade que  se prega aos outros.

O que sei sobre a Paz é muito pouco comparado ao que um homem precisa  saber  de paz; mas é o suficiente para saber que eu mesmo, às vezes, não vivo a  paz que afirmo ter.

Se durante o dia não faço pelo menos uns 20 gestos de paz, não tenho paz.
A  paz é uma chance. Ou a gente a aproveita, ou não a tem...

José Fernandes de Oliveira (Pe. Zezinho)